1.11.05
Pacheco Pereira Equivocado
Com toda a pertinência, no http://contundente.blogspot.com, o nosso conhecido e ilustre confrade, Sokal Bricmont, dá algumas fortes e competentes bengaladas políticas ao suposto companheiro, vedeta mediática, Pacheco Pereira, a propósito de um artigo que este assinou na revista Sábado.
Nele PP faz coro com as costumadas vozes neo e ultra-liberais sobre a inevitabilidade do fim do Estado de Bem-Estar Social, como o conhecemos, aqui na Europa, e que tanto nos seduziu, a nós portugueses, na perspectiva de uma adesão à União Europeia, finalmente concretizada em Janeiro de 1986.
Está, evidentemente, PP no seu livre direito de achar obsoleto e condenado o Estado Social europeu, embora, como membro proeminente de um Partido que se intitula Social-Democrático, tal atitude lhe assente mal, por completamente deslocada.Não faz mesmo nenhum sentido que um social-democrata não defenda este tipo de Estado com acentuadas preocupações de índole social, o mesmo que moldou as sociedades europeias desde o fim da guerra de 1939-45, para lhes dar o conforto que, ao longo de decénios, atraiu diversos povos deste e de outros continentes.
Pode aceitar-se a sua remodelação, reforma, actualização, o corte nos seus abusos, um maior rigor na atribuição das suas ajudas ou benefícios, etc., tudo o que possa esconjurar a ameaça que paira sobre o Estado de Bem-Estar Social, para assegurar a sua solidez ou sustentabilidade financeira, mas nunca se deverá aceitar o seu desmantelamento, que sempre se faria a troco de um prato de lentilhas, para usar uma expressão certamente do conhecimento antigo de PP.
Politicamente, só os liberais são consequentes, em teoria, para contestarem o Estado Social; os social-democratas não o devem fazer, por coerência doutrinária, no caso de a estimarem, mas, sobretudo, por obrigação de prática de solidariedade, coisa que os ditos liberais invariavelmente ignoram ou desprezam, principalmente quando se acham a bom recato dela, auferindo vencimentos irrealistas, exorbitantes, desproporcionados com o saber que possuem, a técnica que exibem, a ética que praticam ou mesmo com a devoção profissional que alegam perseguir.
De resto, os próprios liberais, sempre que podem, sobrecarregam o Estado, exaurindo-o a seu directo benefício e nunca disso se penitenciam, mostrando uma espantosa contradição entre a teoria que preconizam e a prática que revelam.
Pacheco Pereira, se, de facto, deixou de se interessar pela social-democracia prática, só terá de ser coerente com tal atitude e desligar-se desta área política, aderindo ou formando um novo partido mais vocacionado para a propaganda do Estado Liberal, sem preocupações de ordem social, basedo nas teorias puras e duras do Darwinismo social, com a sobrevivência dos «mais fortes» e o desaparecimento dos mais fracos ou dos menos dotados.
É para esta doce realidade que os gurus da Gestão ultra-liberal continuamente nos empurram, dando-nos como inexequível o Estado de conforto social europeu, até hoje, o que criou sociedades mais equilibradas, em quase todos os campos que queiramos evocar, desde a saúde, ao ensino, à cultura, à ciência, ao lazer, à ordem, ao respeito do ambiente, enfim, a tudo aquilo que torna a vida agradável, civilizada, para um número muito vasto de cidadãos.
Para um objectivo social destes, vale a pena empenharmo-nos na Política ; para manter um Estado mínimo, ineficiente, incompetente, desautorizado, desrespeitado, sem consciência social, não se justifica nenhum empenho político, bastará deixar as coisas seguirem ao critério dos mais fortes, que, a breve trecho, se tornarão cada vez mais fortes, mais ricos e, naturalmente, monopolizadores e abusadores do Poder, que tenderão a encarar como um seu direito natural, a exemplo do Direito Divino de antanho invocado pelos Monarcas Absolutos. Alguns acabaram mal, como sabemos e julgamos desnecessário referir.
Para que não caminhemos para esse fim, será bom que não desvalorizemos o Estado de Bem-Estar Social, sobretudo aqueles que se dizem socialistas ou social-democratas, como me parece ser ainda o caso de Pacheco Pereira. Se não, melhor seria que ele próprio nos esclarecesse e depois agisse em conformidade.
Pacheco Pereira, que muitas vezes assume atitudes de grande mérito intelectual, ousando pensar pela sua cabeça, contra certos polícias do pensamento politicamente correcto, enveredou, neste artigo da revista Sábado, por uma via perigosa, equívoca quanto ao que pretende e quanto ao que propugna.
Veremos se, desta vez, PP reagirá às observações, agora críticas, que lhe fazem pessoas que o respeitam, apesar de, no passado, em ocasiões oportunas, o haverem justificadamente contactado, sem terem logrado a dignidade de uma resposta.
Também aqui : bem prega Frei Tomás.
Ou será que PP se julga regido pela máxima « De minimis non curat Praetor » ?
AV_Lisboa, 1 de Novembro de 2005
Nele PP faz coro com as costumadas vozes neo e ultra-liberais sobre a inevitabilidade do fim do Estado de Bem-Estar Social, como o conhecemos, aqui na Europa, e que tanto nos seduziu, a nós portugueses, na perspectiva de uma adesão à União Europeia, finalmente concretizada em Janeiro de 1986.
Está, evidentemente, PP no seu livre direito de achar obsoleto e condenado o Estado Social europeu, embora, como membro proeminente de um Partido que se intitula Social-Democrático, tal atitude lhe assente mal, por completamente deslocada.Não faz mesmo nenhum sentido que um social-democrata não defenda este tipo de Estado com acentuadas preocupações de índole social, o mesmo que moldou as sociedades europeias desde o fim da guerra de 1939-45, para lhes dar o conforto que, ao longo de decénios, atraiu diversos povos deste e de outros continentes.
Pode aceitar-se a sua remodelação, reforma, actualização, o corte nos seus abusos, um maior rigor na atribuição das suas ajudas ou benefícios, etc., tudo o que possa esconjurar a ameaça que paira sobre o Estado de Bem-Estar Social, para assegurar a sua solidez ou sustentabilidade financeira, mas nunca se deverá aceitar o seu desmantelamento, que sempre se faria a troco de um prato de lentilhas, para usar uma expressão certamente do conhecimento antigo de PP.
Politicamente, só os liberais são consequentes, em teoria, para contestarem o Estado Social; os social-democratas não o devem fazer, por coerência doutrinária, no caso de a estimarem, mas, sobretudo, por obrigação de prática de solidariedade, coisa que os ditos liberais invariavelmente ignoram ou desprezam, principalmente quando se acham a bom recato dela, auferindo vencimentos irrealistas, exorbitantes, desproporcionados com o saber que possuem, a técnica que exibem, a ética que praticam ou mesmo com a devoção profissional que alegam perseguir.
De resto, os próprios liberais, sempre que podem, sobrecarregam o Estado, exaurindo-o a seu directo benefício e nunca disso se penitenciam, mostrando uma espantosa contradição entre a teoria que preconizam e a prática que revelam.
Pacheco Pereira, se, de facto, deixou de se interessar pela social-democracia prática, só terá de ser coerente com tal atitude e desligar-se desta área política, aderindo ou formando um novo partido mais vocacionado para a propaganda do Estado Liberal, sem preocupações de ordem social, basedo nas teorias puras e duras do Darwinismo social, com a sobrevivência dos «mais fortes» e o desaparecimento dos mais fracos ou dos menos dotados.
É para esta doce realidade que os gurus da Gestão ultra-liberal continuamente nos empurram, dando-nos como inexequível o Estado de conforto social europeu, até hoje, o que criou sociedades mais equilibradas, em quase todos os campos que queiramos evocar, desde a saúde, ao ensino, à cultura, à ciência, ao lazer, à ordem, ao respeito do ambiente, enfim, a tudo aquilo que torna a vida agradável, civilizada, para um número muito vasto de cidadãos.
Para um objectivo social destes, vale a pena empenharmo-nos na Política ; para manter um Estado mínimo, ineficiente, incompetente, desautorizado, desrespeitado, sem consciência social, não se justifica nenhum empenho político, bastará deixar as coisas seguirem ao critério dos mais fortes, que, a breve trecho, se tornarão cada vez mais fortes, mais ricos e, naturalmente, monopolizadores e abusadores do Poder, que tenderão a encarar como um seu direito natural, a exemplo do Direito Divino de antanho invocado pelos Monarcas Absolutos. Alguns acabaram mal, como sabemos e julgamos desnecessário referir.
Para que não caminhemos para esse fim, será bom que não desvalorizemos o Estado de Bem-Estar Social, sobretudo aqueles que se dizem socialistas ou social-democratas, como me parece ser ainda o caso de Pacheco Pereira. Se não, melhor seria que ele próprio nos esclarecesse e depois agisse em conformidade.
Pacheco Pereira, que muitas vezes assume atitudes de grande mérito intelectual, ousando pensar pela sua cabeça, contra certos polícias do pensamento politicamente correcto, enveredou, neste artigo da revista Sábado, por uma via perigosa, equívoca quanto ao que pretende e quanto ao que propugna.
Veremos se, desta vez, PP reagirá às observações, agora críticas, que lhe fazem pessoas que o respeitam, apesar de, no passado, em ocasiões oportunas, o haverem justificadamente contactado, sem terem logrado a dignidade de uma resposta.
Também aqui : bem prega Frei Tomás.
Ou será que PP se julga regido pela máxima « De minimis non curat Praetor » ?
AV_Lisboa, 1 de Novembro de 2005
Comments:
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Eu estou quase a ir para o outro lado,mas depois da entrada no jogo do mister cow-boy reagan,e o despedimento dos controladores aérios.
Que foram subestituidos pelos militares,que vi algo de tragico se iria passar. Os Americanos so tinham os sindicatos para os proteger!De norte a sul que parcourri esse lindo pais muitas vezes.Eu sentia que algo se preparava,com a ajuda tactica dos predicatores,o sindicalismo foi redusido de mais 70%,mas a onda de néo mundialisaçâo,fazia os seus estragos as consequencias aos efeitos devastadores, nem os novos saidos das universidade se rendenram comta que os afécta.Presenciei na crise dos anos 80,hoje é mais real que nunca.Em Portugal foram encontrar alguem que nâo se apeserve que esta a cair numa armadilha!O que me faz lembrar o que Franco disse ao marechal Pétain,nâo va marechal, nos sabêmos a seguida..o poder çéga!
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Que foram subestituidos pelos militares,que vi algo de tragico se iria passar. Os Americanos so tinham os sindicatos para os proteger!De norte a sul que parcourri esse lindo pais muitas vezes.Eu sentia que algo se preparava,com a ajuda tactica dos predicatores,o sindicalismo foi redusido de mais 70%,mas a onda de néo mundialisaçâo,fazia os seus estragos as consequencias aos efeitos devastadores, nem os novos saidos das universidade se rendenram comta que os afécta.Presenciei na crise dos anos 80,hoje é mais real que nunca.Em Portugal foram encontrar alguem que nâo se apeserve que esta a cair numa armadilha!O que me faz lembrar o que Franco disse ao marechal Pétain,nâo va marechal, nos sabêmos a seguida..o poder çéga!
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